sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Etapas para a elaboração de um pré-projeto.

ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PRÉ-PROJETO
A conclusão de um Curso de Comunicação Social com responsabilidade e seriedade.
Antoniella Devanier

O Pré-projeto é uma visão antecipada da pesquisa e representa um planejamento dos passos que serão efetuados até a conclusão do Projeto Experimental. O Pré-Projeto é um instrumento técnico que conduz a ações. Todo pré-projeto é modificado quando transformado em projeto, entretanto as linhas mestras geralmente permanecem até a conclusão do trabalho. Quanto mais elaborado um pré-projeto, mais chances de desenvolvimento de um trabalho eficaz, coerente que contribua efetivamente com a produção do conhecimento. As perguntas chaves que devem ser respondidas num pré-projeto são:
[...] o que será pesquisado? Por que a pesquisa é necessária? Como será pesquisado? Que recursos humanos, intelectuais, bibliográficos, técnicos, instrumentais e financeiros serão mobilizados? Em que período? (SANTAELLA, 2001, p.152)


1. Título do projeto:
Nome(s) do(s) integrante(s)
Nome(s) do(s) orientador(es)

Neste tópico, tem-se o título do pré-projeto que deve ser sucinto e especificar de que se trata o recorte realizado sobre o tema escolhido. Os nomes de todos os autores do pré-projeto e possíveis orientadores em ordem de prioridade. Ao escolher o(s) orientador (es), os estudantes devem observar o currículo e a vida profissional do mesmo, esquecendo-se de afinidades ou antipatias pessoais. A adequação entre a experiência acadêmica e profissional do orientador e o tema do pré-projeto facilita o desenvolvimento do trabalho e promove resultados positivos nas pesquisas e práticas comunicacionais. Afinal, a pesquisa e a prática da Comunicação são abrangentes, com várias especializações que devem ser levadas em consideração na escolha dos possíveis orientadores.

2. Delimitação do tema e do problema:
Para iniciar esta etapa, deve-se realizar, anteriormente, uma coleta de informações preliminares por intermédio da leitura de livros e textos e/ou visitas técnicas. Assim, torna-se possível delinear um recorte específico que viabilize a concretização do projeto. A execução desta etapa deve ser realizada com a consulta aos especialistas, possíveis orientadores do trabalho. Nesta etapa, deve-se ouvir mais de um professor ou especialista para absorver todos os pontos de vista, amadurecendo o texto que definirá qual o tema e problema que o Projeto Experimental pretende desmembrar. Todas as leituras sobre o tema, desenvolvidas no decorrer do curso, são importantes para a elaboração desta parte do pré-projeto. Este acúmulo representa um quadro de referência pessoal que pode ser adquirido tanto pelas experiências práticas na área do tema escolhido quanto pelas leituras essenciais sobre o tema. Assim, pode-se construir a delimitação da questão proposta pela pesquisa.
O que seria um problema ou questão da pesquisa? Seria um enunciado, uma pergunta que ainda apresenta sem solução ou respostas e o Projeto Experimental deverá encontrar estas soluções e procurar responder todas as perguntas inerentes ao problema na conclusão do Projeto Experimental. Esta dificuldade sem solução deverá ser enfrentada no desenvolvimento do trabalho. A definição do problema da pesquisa é importante tanto em trabalhos monográficos quanto em produtos da comunicação, pois os temas de uma campanha publicitária, de um vídeo ou programa de rádio devem também definir qual o problema central que deve ser resolvido de forma prática ou teórica.
2.1- Introdução:
Deve-se contextualizar o tema e o problema, definidos no pré-projeto, já apresentando o tema de uma maneira que contextualize essas questões tanto com características do objeto de estudo escolhido quanto com fatores históricos, culturais e sociais que englobem este objeto de estudo. Vale ressaltar neste espaço os motivos que explicitam a originalidade de sua pesquisa e apontem as pesquisas prévias realizadas que comprovem ser o seu tema original.
2.2- Relevância do tema e justificativas:
Ao construir o texto que tente pontuar a relevância do tema, o(s) autor(es) do pré-projeto devem indicar quais livros ou textos já trataram deste assunto, mas não resolveram o problema que o Projeto Experimental proposto quer solucionar. Indicar também outros produtos criados em torno do mesmo tema.
Assim, as justificativas para a realização de determinado Projeto Experimental devem acompanhar uma análise crítica de textos, livros e/ou produtos da comunicação que já abordaram de alguma forma o tema, mostrando em que sentido o seu pré-projeto deverá ser aceito pelo orientador e pelo programa de Comunicação Social. O texto deve ser elaborado segundo um roteiro que Santaella afirma incluir:
[...] importância do tema de um ponto de vista geral; sua importância para casos particulares em questão; possibilidades de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo tema proposto; descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares etc. (SANTAELLA, 2001, p.174)

3- Objetivos:
As metas de um pré-projeto devem ser bem definidas e correspondem à explicitação dos objetivos do trabalho. Os objetivos podem ser gerais e específicos, sendo que os objetivos específicos têm:
[...] uma função intermediária e instrumental de modo a permitir que o objetivo geral seja atingido ou que ele seja aplicado a situações particulares (LAKATOS; MARCONI, 1992, p. 103)

Neste tópico, os verbos devem estar no infinitivo, sintetizando de forma clara os horizontes do projeto, em sintonia com o cronograma de desenvolvimento apresentado no pré-projeto. Deve-se pensar tanto a curto prazo, nos primeiros meses de elaboração do Projeto Experimental, quanto a longo prazo, na etapa de conclusão do Projeto Experimental. Os objetivos do pré-projeto devem ser pensados em função da realidade do tema e do próprio pesquisador, pois não adianta elaborar objetivos excepcionais que não serão concretizados em tempo hábil para finalização do trabalho exposto no cronograma.
4. Apresentação das Hipóteses:
A hipótese depende do problema da pesquisa exposto no tópico 2, delimitação do tema e do problema. Refere-se a uma resposta antecipada, resumida, tendo uma forma afirmativa, sendo uma aposta do pesquisador baseada nas leituras e experiências do mesmo sobre o problema e o tema apresentados. A hipótese pode ser confirmada ou negada no decorrer do trabalho.
As hipóteses podem apontar a existência ou não de relações entre os fenômenos, descrever características de certos fenômenos ou situações, afirmar a existência ou não de determinados fenômenos. Segundo Santaella, o enunciado de cada hipótese não deve estar em contradição nem com a teoria, nem com o conhecimento científico mais amplo usado como referencial teórico. Santaella afirma também:
[...] toda e qualquer pesquisa deve contar com a formulação de hipóteses, caso contrário, estará lhe faltando um norte, pois função da hipótese é servir como bússola. Ela está no cerne das pesquisas experimentais, pois nestas, a observação de um fenômeno leva o pesquisador a supor tal ou tal causa ou conseqüência, suposição esta que se constitui na hipótese que só pode ser demonstrada por meio do teste dos fatos, ou seja, da experimentação [...] (SANTAELLA, 2001, p.179).

5. Explicitação do Quadro Teórico de Referência:
A comunicação é concebida evidentemente como uma área multi e transdisciplinar. Neste universo, tem-se as pesquisas quantitativas e não quantitativas. Nas pesquisas quantitativas, mais utilizadas na área de Publicidade e Propaganda, principalmente nos estudos de pesquisa de opinião pública, os dados estatísticos devem ser tabelados e evidenciados, enquanto nas pesquisas não quantitativas, a fundamentação teórica é a estrutura que oferece confiança à pesquisa. As opções teóricas surgem das exigências internas de cada pesquisa e o levantamento bibliográfico é conquistado ao se construir o problema de pesquisa.
Neste momento, todo o esforço intelectual evidencia-se, pois a construção de um sólido quadro teórico de referência depende dos quatro anos de dedicação e trabalho extra-sala de aula. O uso adequado das referências teóricas depende dos bons fichamentos realizados, das leituras e reflexões que esclareceram conceitos e teorias. Deve-se explicitar os principais textos e teorias contribuíram para a escolha do problema e elaboração das hipóteses:
[...] o quadro de referência teórico consiste no corpo teórico no qual a pesquisa encontrará seus fundamentos. Ora, todo pensamento existe em uma corrente de pensamento. Pensamentos têm genealogia, situando-se, portanto, em um contexto teórico maior. Por isso, quando um corpo teórico é escolhido pelo pesquisador, este precisa ter em mente o contexto mais amplo em que esse corpo se insere [...] (SANTAELLA, 2001, p. 184)


6. Indicação dos procedimentos metodológicos e técnicos:

A metodologia oferece suporte para o projeto de pesquisa. Não há projeto sem problema, hipóteses e metodologia. O método depende do tipo de pesquisa que se decidiu realizar. Deve-se explicitar se a pesquisa é empírica, com trabalho de campo ou laboratório, uma pesquisa teórica, histórica. Neste item, cabe explicitar qual a abordagem da pesquisa, se evidencia o econômico, político, cultural, social, histórico ou técnico. Têm-se, por exemplo, abordagens filosóficas, estético-alegóricas e interpretativas. Dentro das abordagens filosóficas, pode-se observar os seguintes domínios: hermenêutica, fenomenologia, semiótica, estruturalismo, marxismo, teoria social. Dentro das abordagens estético-alegóricas, tem-se o foco nas linguagens e características estéticas que podem envolver diversas concepções desde psicológicas que priorizam a percepção visual até as concepções de intencionalidade ou finalidade das produções que envolvem a Estética de Peirce, por exemplo. Nas abordagens interpretativas e críticas, deve-se observar os domínios do conhecimento em comunicação que contam com a semiologia, a pragmática, a midiologia, a cibernética e a psicanálise. Deve-se considerar também os estudos antropológicos dentro do universo das abordagens interpretativas e críticas.
Lógico que, em estudos de comunicação, as interfaces são necessárias, podendo-se utilizar, por exemplo, tanto da semiótica quanto da psicanálise. Torna-se necessário esclarecer, nos aspectos metodológicos que tipo de coleta de dados será realizada, quais documentos serão consultados, se haverá entrevistas e a relação da metodologia com o quadro de referência bibliográfica. Além disto, mostra-se necessário que se especifique quais recursos técnicos e humanos serão usados no desenvolvimento do Projeto Experimental, pontuando, então se haverá uso do laboratório de fotografia, informática, TV e Vídeo, dos monitores, do técnico de TV e VÍDEO, quantidade de fitas, etc. Trata-se de uma previsão que auxilia no planejamento das atividades.

7. A Equipe de Pesquisa:

Neste tópico, cabe nomear os integrantes da equipe e incluir uma pequena biografia de cada um, além de descrever a função de cada membro no desenvolvimento do trabalho.

8. Cronograma de desenvolvimento:
Neste momento, deve-se construir uma tabela com datas que contemplem a realização de pesquisa em campo, coleta de dados e referências bibliográficas, construção da Introdução, dos capítulos e conclusão do trabalho. Além disto, deve contar com os períodos previstos para a utilização dos laboratórios e recursos técnicos da instituição. Trata-se de uma previsão necessária para o planejamento do Projeto Experimental. O estudante deve, assim, acompanhar o calendário acadêmico da instituição.

9.Bibliografia Específica:

REFERÊNCIA BÁSICA:

LOPES, Maria Immacolata Vassalo de. Pesquisa em Comunicação: formulação de um modelo metodológico. 6. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
SANTAELLA, Lúcia. Comunicação e Pesquisa. Projetos para mestrado e doutorado. São Paulo: Hacker editores, 2001.
SANTAELLA, Lúcia. Estética de Platão a Peirce. São Paulo: Ed Experimento, 1994.
SANTAELLA, Lucia. Teoria Geral dos Signos. São Paulo: Ática, 1995.
SANTAELLA, Lúcia. Texto. In: Palavras da Crítica. Tendências e Conceitos no Estudo da Literatura. Rio de Janeiro: Imago Ed, 1992 (Coleção Pierre Mernard).
BARROS, Aidil de Jesus Paes de; Neide Aparecida de Souza. Projeto de Pesquisa: propostas metodológicas. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

REFERÊNCIA COMPLEMENTAR:

ARISTÓTELES. A Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Ars Poética, 1993.(Série Clássica, Volume 1).
BAHKTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
BARTHES, Roland. O Prazer do Texto. 3.ª edição. São Paulo: Ed Perspectiva, 1993.
CHALLUB, Samira. A Metalinguagem. 2ª edição. São Paulo: Ed Ática, 1988.(Série Princípios, n.44).
Livro, 1959.
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994.
MORIN, Edgar. A Cabeça Bem Feita: Repensar a Reforma- Reformar o Pensamento. Tradução: Eloá Jacobina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
MORIN, Edgar. O Método 4. As idéias. Habitat, vida, costumes, organização. Tradução de Juremir Machado da Silva. 2.ª edição. 1.ª reimpressão. Porto Alegre: Ed Sulina, 2001.
NOTH, Winfried. Panorama da Semiótica. De Platão a Peirce. São Paulo, Annablume, 1995(Coleção E,3).
PAZ, Otavio. Os Filhos do Barro. Do Romantismo à Vanguarda. Tradução de Olga Savary. Rio de Janeiro: Ed Nova Fronteira, 1984.
PEIRCE, Charles. Divisão dos Signos. In: Semiótica. São Paulo: Ed Perspectiva, 1999.(pg 45-pg61)
PEIRCE, Charles. Semiótica e Filosofia. Introdução, seleção e tradução de Octanny Silveira da Mota e Leonidas Hegenberg. São Paulo: Cultrix, EDUSP, 1975.
TODOROV, Tzvetan. Dicionário Enciclopédico das Ciências da Linguagem. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1972.(pg319-320).
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22. ed. rev. São Paulo. Cortez, 2002.LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo, Atlas, 1991.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Literatura, Jornalismo e Direito: três paixões.

Essas paixões acompanham meu dia a dia. Fico feliz a cada turma de Jornalistas que ajudo a formar e ainda mais contente quando vejo que estão fazendo sucesso na área. Os estudos em Direito foram acontecendo até que percebi que estava apaixonada também e a literatura sempre me acompanha como chama que move a vida. Sonhar é preciso...
Acho que as três áreas contribuem para movimentar o mundo e auxiliam nas transformações necessárias. Tudo depende das pessoas... Leiam a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948 e a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e vamos colocá-las em prática!!!!!!!!!!!